quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

EU ETIQUETA

A poesia abaixo foi trabalhada intensamente nas aulas de sociologia do SESI neste final de ano (oficina: Vo num vo), e fiquei muito feliz com os frutos da mesma. Estou postando aqui também como fruto de uma conversa com o amigo Izidoro sobre consumismo propondo uma forma de ampliar nosso raciocínio.

Abraços
Prof. Geferson

EU ETIQUETA

Em minha calça está grudado um nomeQue não é meu de batismo ou de cartório
Um nome... estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida
Que jamais pus na boca, nessa vida,
Em minha camiseta, a marca de cigarro
Que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produtos
Que nunca experimentei
Mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido
De alguma coisa não provada
Por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
Minha gravata e cinto e escova e pente,
Meu copo, minha xícara,
Minha toalha de banho e sabonete,
Meu isso, meu aquilo.

Desde a cabeça ao bico dos sapatos,
São mensagens,
Letras falantes,
Gritos visuais,
Ordens de uso, abuso, reincidências.
Costume, hábito, permência,
Indispensabilidade,
E fazem de mim homem-anúncio itinerante,
Escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É duro andar na moda, ainda que a moda
Seja negar minha identidade,
Trocá-la por mil, açambarcando
Todas as marcas registradas,
Todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser
Eu que antes era e me sabia
Tão diverso de outros, tão mim mesmo,
Ser pensante sentinte e solitário
Com outros seres diversos e conscientes
De sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio
Ora vulgar ora bizarro.
Em língua nacional ou em qualquer língua
E nisto me comparo, tiro glória
De minha anulação.
Não sou - vê lá - anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago
Para anunciar, para vender
Em bares festas praias pérgulas piscinas,
E bem à vista exibo esta etiqueta
Global no corpo que desiste
De ser veste e sandália de uma essência
Tão viva, independente,
Que moda ou suborno algum a compromete.
Onde terei jogado fora
Meu gosto e capacidade de escolher,
Minhas idiossincrasias tão pessoais,
Tão minhas que no rosto se espelhavam

E cada gesto, cada olhar
Cada vinco da roupa
Sou gravado de forma universal,
Saio da estamparia, não de casa,
Da vitrine me tiram, recolocam,
Objeto pulsante mas objeto
Que se oferece como signo dos outros
Objetos estáticos, tarifados.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
De ser não eu, mas artigo industrial,
Peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu nome novo é Coisa.
Eu sou a Coisa, coisamente.

(Carlos Drummond de Andrade)

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O MEIO AMBIENTE E A POLÍTICA

Estou postando um bom texto sobre a questão ambiental. Trata-se de uma reflexão política muito importante sobre o assunto.

Apreciem.
Prof. Geferson 


Entre o capital e o trabalho, a ecologia é neutra 
Poder-se-á dizer qualquer coisa de Al Capone, mas ele era um cavalheiro: o bom do Al sempre enviava flores aos velórios das suas vítimas... As empresas gigantes da indústria química, petrolífera e automobilística pagaram boa parte dos gastos da Eco 92. A conferência internacional que no Rio de Janeiro se ocupou da agonia do planeta. E essa conferência, chamada Cimeira da Terra, não condenou as transnacionais que produzem contaminação e dela vivem e nem sequer pronunciou uma palavra contra a ilimitada liberdade de comércio que torna possível a venda de veneno. No grande baile de máscaras do fim do milénio, até a indústria química veste-se de verde. A angústia ecológica perturba o sono dos maiores laboratórios do mundo, que para ajudar à natureza estão a inventar novos cultivos biotecnológicos. Mas estes desvelos científicos não se propõem encontrar plantas mais resistentes às pragas sem ajuda química. Buscam, sim, plantas capazes de resistir aos praguicidas e herbicidas que esses mesmos laboratórios produzem. Das 10 maiores empresas produtoras de sementes do mundo, seis fabricam pesticidas (Sandoz, Ciba-Geigy, Dekalb, Pfiezer, Upjohn, Shell, ICI). A indústria química não tem tendências masoquistas. A recuperação do planeta ou o que nos resta dele implica a denúncia da impunidade do dinheiro e da liberdade humana. A ecologia neutra, que se parece antes à jardinagem, faz-se cúmplice da injustiça de um mundo onde a comida sã, a água limpa, o ar puro e o silêncio não são direitos de todos e sim privilégios dos poucos que podem pagá-los. Chico Mendes, seringueiro, caiu assassinado em fins de 1988, na Amazónia brasileira, por acreditar no que acreditava: que a militância ecológica não se pode divorciar da luta social. Chico acreditava que a floresta amazónica não será salva enquanto não se fizer a reforma agrária no Brasil. Cinco anos depois do crime, os bispos brasileiros denunciaram que mais de 100 trabalhadores por ano morrem assassinados na luta pela terra e calcularam que quatro milhões de camponeses sem trabalho vão para as cidades abandonando as plantações do interior. Adaptando os números de cada país, a declaração dos bispos retrata toda a América Latina. As grandes cidades latino-americanas, inchadas, a rebentar pela incessante invasão de exilados do campo, são uma catástrofe ecológica: uma catástrofe que não se pode entender nem mudar dentro dos limites da ecologia, surda perante o clamor social e cega perante o compromisso político. 


(Eduardo Galeano)

sábado, 25 de dezembro de 2010

NOTÍCIAS QUE NÃO APARECEM EM QUALQUER LUGAR - 2

Brasil


Energia renovável e soberania.




Beto Almeida
Há décadas, o professor Bautista Vidal (foto), organizador do Pró-alcool,  alerta para a necessidade de criação de um instrumento de proteção ao enorme potencial de energia da biomassa que o Brasil dispõe. Defende um Empresa Pública de Energia Renovável, também defendida por vários pensadores e lutadores sociais progressistas, como maneira eficaz de bloquear a desnacionalização brutal em curso.

Nada como o tempo: nos últimos anos verificou-se enorme desnacionalização do setor de etanol no Brasil, culminando, recentemente, com a compra da maior de todas as usinas brasileiras, a Cosan, pela Shell, uma das “sete irmãs”. Revela-se, pelos fatos, que todo o discurso de países imperiais nos fóruns internacionais contra o etanol, discurso repetido pelas academias e pelas ONGs regiamente pagas por governos, não foi capaz de esconder o interesse prioritário que os maiores consumidores de petróleo nutrem pelo controle da energia da biomassa. Na realidade, o discurso anti-etanol lhes interessa somente enquanto o controle desta nova fonte produtiva não estiver totalmente sob as mãos do capital estrangeiro.
Recentemente, a Petrobrás assumiu uma linha de compra de empresas de etanol para barrar a desnacionalização, visando tornar-se líder no ramo. É uma tentativa de correr atrás do tempo perdido pois, estipula-se, cerca de 40 por cento do etanol já foi desnacionalizado. O governo Lula, dando razão às advertências nacionalistas de Vidal, buscou implementar mecanismos de contenção à desnacionalização fundiária, ainda longe da necessidade, e constituiu uma empresa estatal no setor, a Petrobrás Biocombustíveis, opção correta, muito embora sua ação ainda esteja dependente da soja, controlada por um cartel de multinacionais no Brasil. Mas, é um caminho no qual se deve avançar sem medo, pois há imenso apoio popular.
Aliás, na linha da re-nacionalização do petróleo em marcha, Dilma já declarou que o Brasil seguirá avançando em seu potencial petroquímico, adicionando o imenso potencial álcool-químico como um campo de desenvolvimento para a produção de combustíveis mas também de derivados como o plástico verde, biodegrável. O que espanta é que diante deste potencial de geração de renda e emprego, de soberania energética, sobretudo para a agricultura familiar, descentralizando o desenvolvimento, uma parte da esquerda e dos movimentos sociais esteja em silêncio, fora do debate. Ou limitam-se ao antietanolismo. Será que Darcy Ribeiro tem razão quando disse “falta nacionalismo na nossa esquerda”? Gandhi, na luta contra o colonialismo inglês, teve que levantar a bandeira da nacionalização do sal. 

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Situação no HAITI

Olá, pessoal.

Segue mais uma notícia sobre o Haiti. É bom saber que os países pobres também estão fazendo um esforço por este povo.

Abraços
Prof. Geferson

Brigada médica jamaicana ajudará a combater cólera no Haiti



Porto Príncipe, (Prensa Latina) Uma equipe de 20 profissionais da saúde da Jamaica chegam ao Haiti para da inicio aos trabalhos para frear a propagação de um surto de cólera que já tirou mais de mil vidas no país. ONU reitera pedido de ajuda contra cólera no Haiti Doutores, enfermeiras, técnicos em saúde e inspetores sanitários formam a comitiva, mobilizada por instruções do premiê jamaicano, Bruce Golding.
Segundo indicaram os profissionais da saúde, a missão é colaborar com o combate nacional contra a doença, que segundo estudos continuará em aumento nos próximos dias. 
Junto ao pessoal médico, o contingente de ajuda inclui membros da Força Defensiva da Jamaica, encarregados do apoio logístico.
A ajuda da ilha anglófona soma-se à assistência brindada por outros governos caribenhos como Dominica, que enviou um carregamento de fornecimentos médicos e água potável para paliar o surto.
Barbados, Trinidad e Tobago e San Vicente e as Granadinas são outros estados da Comunidade do Caribe (CARICOM) comprometidos a colaborar com a emergência sanitária haitiana.
O surto de cólera foi detectado neste empobrecido território no dia 20 de outubro passado, na região de Artibonite, no norte haitiano.
Desde então vários países somaram-se à luta contra a propagação da doença, especialmente Cuba e Venezuela, que dispuseram de cooperantes e material médico com esse fim.
Argentina, Equador, Brasil, Japão e Espanha também se somaram à ajuda, mas pese a mobilização, o surto, estendido por todo o país, ainda não pôde ser contido.
Os relatórios do dia 19 de novembro constataram a morte de 1.186 pessoas e mais de 19 mil hospitalizados.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

IMAGENS DA CÓLERA NO HAITI

Olá, alunos.

Conforme vocês puderam percerber, eu me emocionei bastante com a situação do Haiti. Por isso, como prometi, estou postando umas fotos da situação atual no país mais pobre da América. Sintam e reflitam o que quiserem.

Abraços
Prof. Geferson








Mais em: http://blogs.estadao.com.br/olhar-sobre-o-mundo/colera-no-haiti/

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

NOTÍCIAS QUE NÃO APARECEM EM QUALQUER LUGAR - 1

Olá, amigos.

Estarei inaugurando aqui no meu blog, a partir de hoje, uma nova coluna denominada: Notícias que não aparecem em qualquer lugar. O Objetivo é mostrar coisas que a imprensa comum não noticia para que possamos ter diferentes visões e até mesmo novas informações. Ser crítico é ser livre!

Segue a primeira notícia.
Abraços
Prof. Geferson


A maior venda de armamentos da históriaPDFImprimirE-Mail
Havana, (Prensa Latina) O governo do presidente Barack Obama apresentou ao Congresso em outubro passado um plano para vender 60 mil milhões de dólares em aviões e radares com a mais alta tecnologia a Arabia Saudita.


  Trata-se da venda de equipamento militar mais importante em toda a história dos Estados Unidos.


O Congresso tem até o próximo 20 de novembro para decidir se detém a operação dantes de que o Departamento de Defesa ponha a disposição do governo saudita os respectivos contratos aplicáveis ao longo de uma década.


O acordo contempla a venda de 84 novos aviões de combate F-15, a atualização de outras 70 destas aeronaves e a oferta de três tipos diferentes de helicópteros: 70 Apaches, 72 Black Hawks e 36 Little Birds.


Os contratos, contemplam também o envio de radares avançados e de bombas guiadas por satélite, além da criação de diversos programas de treinamento em um país que já conta com um rosario de sete bases militares estadounidenses.


O governo de Obama considera que o plano aumentará a capacidade das Forças Armadas do Reino Saudita para criar um escudo ante os "potenciais ameaças" na já bastante convulsionada região, se referindo especificamente a um confronto futuro contra Irã.


No entanto, o subsecretario Andrew Shapiro sublinhou que o acordo especifica que "não se trata unicamente do Irã, senão que consiste em ajudar aos sauditas com todas suas necessidades militares e de segurança que são bastantees", e esses meios poderiam ser utilizadas contra qualquer outro país na zona.


Shapiro, disse que o governo não espera que tenha muitas objeciones por parte de Israel, o qual nos últimos meses não tem ocultado seu inconformidad e tem ativado seu influente cabildeo no Congresso para torpedear esta iniciativa.


A decisão do governo do presidente Obama de realizar a maior venda de armamentos de todos os tempos a Arabia Saudita tem provocado que comece a circular uma carta de alguns parlamentares vinculados ao lobby a favor de Israel em Washington.


A misiva esboça o seguinte: " Temos sérias preocupações com relação a esta transação devido às posições dos sauditas no atual processo de paz entre Israel e os palestinos, particularmente como esse reino não têm padrão suas relações com Israel nem tem explicado suas contribuições financeiras à Autoridade Palestina".


Eric Cantor, é o único republicano de origem judeu no Congresso e propôs um projeto legislativo onde propõe castigar a todos os países que não compartilham os mesmos interesses militares dos Estados Unidos e Israel, o que poderia deixar a muitos sem ajuda exterior e militar futura.


Cantor foi atacado de imediato pela representante democrata por Nova York, Nita Lowey, qualificando-o de "irresponsable" já que sua proposta pode afetar os programas e políticas de segurança nacional estadounidenses.


No 2008 o ex presidente George W. Bush, conseguiu que o Congresso aprovasse um imenso pacote de ajuda para Israel de três mil milhões de dólares anuais durante toda uma década.


Ao chegar à Casa Branca, Obama não só preservou esse acordo, senão que lhe acrescentou mais dinheiro para instalar em Israel um sistema avançado anti coheteril o que muitos observadores consideram totalmente errôneo dada a atual crise mundial e o injustificado despesa que isto representa para os Estados Unidos.


Há que tomar em conta ademais a debacle democrata nas eleições parlamentares passadas nos Estados Unidos a qual desatou também uma onda de duras críticas contra a atual condução do presidente Obama.


Estrategas e servidores públicos do Partido Democrata citados pelo Washington Pós acusaram ao mandatário de não ter conseguido ligar com o homem da rua e de cometer constantes erros em suas decisões e mensagens".


Segundo William Galston, experiente do Instituto Brookings, a derrota democrata nas eleições voltou a demonstrar que o acionar presidencial e a mensagem ao povo estadounidense de Obama não arrastam a ninguém e sem um plano de ação concreto, o mesmo perderá rapidamente muita mais credibilidade.


Na passada justa eleitoral a corporación News Corporation do multimillonario magnata dos meios Rupert Murdoch, que possui ademais a corrente televisiva Fox News, doou ela sozinha dois milhões de dólares à campanha dos republicanos, segundo aponta Democracy Now.


(*) O autor é chefe do Departamento de Difusão de Prensa Latina.


mb/rr/sgl

sábado, 30 de outubro de 2010

Resumo de Comte e o Positivismo com Comentários do Prof. Geferson

Olá, pessoal. Segue o resumo de Comte e o Positivismo devidamente comentado por mim mesmo.
Observem as legendas (ex.: G1, G2) e o os comentários no final da página. Copiem e baixem para vocês poderem estar estudando.


Abraços
Prof. Geferson


TEXTO - 1
O POSITIVISMO
(NA VISÃO DE AUGUSTE COMTE) 

Auguste Comte (1798-1857), nascido em Montpellier, França, tornou-se discípulo de Saint-Simon[G1] , de quem sofreu enorme influência. Sua principal característica foi a devoção aos estudos e à filosofia positivista.
A definição de Auguste Comte quanto à sociologia é de que ela deve ser vista como uma ciência da sociedade, denominando-a, inicialmente de "física social".[G2] 
Baseando-se na definição de que a sociologia é uma ciência da sociedade, bem como apoiando-se no conselho dos pensadores iluministas do século XVIII, que afirmavam que podemos entender as leis da sociedade humana aplicando-se os instrumentos da ciência, Auguste Comte insere uma nova teoria da sociedade, denominada "positiva".
A "teoria positiva" partia do princípio de que os homens deveriam aceitar a ordem existente, não devendo contestá-la. Assim, também, ao ser humano cabe "revelar" o mundo não existindo a possibilidade de "mudá-lo".
O objetivo da sociologia, portanto, é definir o que a sociedade é e não dizer o que ela deveria ser.
O positivismo está alicerçado na prática da coleta de dados sobre determinada sociedade, cuja análise será feita através da constatação e confirmação desses dados.
Não basta, portanto, a apresentação de idéias vagas, sem consistência, e, principalmente, sem fundamentação.
A crença no que de fato existe é primordial.
A verdade científica trata dos fenômenos ou fatos dominantes ou constantes, não tendo como objetivo atingir as causas, limitando-se apenas a constatar a "ordem que reina no mundo".
A evolução do intelecto e da consciência do homem só serão possíveis se este voltar-se para o passado, portanto, a ciência deve revelar uma ordem e permitir a ação do homem[G5] , caso contrário, sua existência de nada valeria.
As leis da natureza são sólidas, verdadeiras. Trata-se do mundo intelegível, motivo pelo qual Auguste Comte diz que o homem não deveria estar preocupado com as questões futuras, nem prender-se a detalhes.
Para Auguste Comte havia uma hierarquia na natureza, podendo compor-se de fenômenos simples ou complexos, sendo de natureza orgânica ou inorgânica, inerente aos seres vivos e ao homem.
Sua visão era de que o mundo poderia ser interpretado partindo-se do princípio de que havia um condicionamento que era feito pelo inferior ao superior, porém não havia como determiná-lo, ou seja, os fenômenos da vida ou fenômenos sociais eram condicionados, porém não determinados pelos fenômenos químicos e físicos.
A Sociologia, segundo Comte, deve exercer uma espécie de magistratura espiritual, pois todas as ciências se voltam para ela, por representar o nível mais alto de complexidade, de nobreza e de fragilidade.
A humanidade é o único referencial para se obter as informações necessárias quanto aos conhecimentos e métodos existentes.
O modo de pensar e a atividade do espírito são solidários com o contexto social, estando vinculados a uma determinada época de cada pensador.
Desta feita, a sociologia passa a ser uma abordagem científica para compreender a vida social do homem, como também uma perspectiva que se preocupa com a natureza do ser humano, o significado e a base da ordem social e as causas e conseqüências da desigualdade social.



A sociologia é, portanto, uma tentativa de compreender o ser humano em grupo. Concentra-se em nossa vida social.
Não enfoca a personalidade do indivíduo como a causa do comportamento, mas examina a interação social, os padrões sociais e a socialização em processo (origem e desenvolvimento das sociedades.


TEXTO – 2
A LEI DOS TRÊS ESTADOS
O espírito humano, em seu esforço para explicar o universo, passa sucessivamente por três estados:
a) O estado teológico ou "fictício" explica os fatos por meio de vontades análogas à nossa (a tempestade, por exemplo, será explicada por um capricho do deus dos ventos, Eolo). Este estado evolui do fetichismo ao politeísmo e ao monoteísmo.[G9] 
b) O estado metafísico substitui os deuses por princípios abstratos como "o horror ao vazio", por longo tempo atribuído à natureza. A tempestade, por exemplo, será explicada pela "virtude dinâmica"do ar (²). Este estado é no fundo tão antropomórfico quanto o primeiro ( a natureza tem "horror" do vazio exatamente como a senhora Baronesa tem horror de chá). O homem projeta espontaneamente sua própria psicologia sobre a natureza.[G10]  A explicação dita teológica ou metafísica é uma explicação ingenuamente psicológica. A explicação metafísica tem para Comte uma importância sobretudo histórica como crítica e negação da explicação teológica precedente. Desse modo, os revolucionários de 1789 são "metafísicos" quando evocam os "direitos" do homem - reivindicação crítica contra os deveres teológicos anteriores, mas sem conteúdo real.
c) O estado positivo é aquele em que o espírito renuncia a procurar os fins últimos e a responder aos últimos "por quês". A noção de causa (transposição abusiva de nossa expeirência interior do querer para a natureza) é por ele substituída pela noção de lei.[G11]  Contentar-nos-emos em descrever como os fatos se passam, em descobrir as leis (exprimíveis em linguagem matemática) segundo as quais os fenômenos se encadeiam uns nos outros. Tal concepção do saber desemboca diretamente na técnica: o conhecimento das leis positivas da natureza nos permite, com efeito, quando um fenômeno é dado, prever o fenômeno que se seguirá e, eventualmente agindo sobre o primeiro, transformar o segundo. ("Ciência donde previsão, previsão donde ação").[G12] 
Acrescentemos que para Augusto Comte a lei dos três estados não é somente verdadeira para a história da nossa espécie, ela o é também para o desenvolvimento de cada indivíduo. A criança dá explicações teológicas, o adolescente é metafísico, ao passo que o adulto chega a uma concepção "positivista" das coisas.
(²) São igualmente metafísicas as tentativas de explicação dos fatos biológicos que partem do "princípio vital", assim como as explicações das condutas humanas que partem da noção de "alma".
Com relação ao principal problema social de sua época – o crescimento do proletariado industrial –, a posição de Comte não foi uma posição revolucionária     como a de  Marx         (1818 – 1883). Comte considerava que todas as medidas sociais deveriam ser julgadas em termos de seus efeitos sobre a classe mais numerosa e mais pobre. Acreditava também que os proletários (e as mulheres) pudessem abrandar o egoísmo dos capitalistas e que uma ordem moral humanitária poderia abolir todos os conflitos de classe. Os capitalistas deveriam ser moralizados e não eliminados: a propriedade privada deveria ser mantida. Comte foi, na verdade, um conservador e característicos dessa atitude são os seus elogios à ordem católica e feudal da Idade Média. Dentro de uma linha de revalorização do catolicismo, típica de sua época, atacou o protestantismo, considerando-o uma religião negativa e anárquica intelectualmente.
Os anseios de reforma intelectual e social de Comte, contudo, não se limitaram a uma política e se desenvolveram no sentido da formulação de uma religião da humanidade. Isso aconteceu nos últimos quinze anos de sua vida, quando estabeleceu os princípios fundamentais dessa nova religião. Formulou então um novo calendário, cujos meses receberam nomes de grandes figuras da história do pensamento, como Descartes; o calendário tinha também seus dias santos, nos quais se deveriam comemorar as abras de Dante, Shakespeare, Adam Smith, Xavier de Maistre e outros. Comte redigiu ainda um novo catecismo, cuja idéia central reside na substituição do Deus cristão pela Humanidade.[G13] 


 [G1]Comte chegou a declarar abertamente a importância de Saint-Simon em sua formação intelectual, mas depois se desentenderam..

 [G2]Por que se baseia em leis lógicas como a física. Compreensão das leis naturais que regem a sociedade. DO mesmo modo como um cientista busca compreender as leis naturais.

 [G3]Ele é prático e materialista, ao contrário do idealismo. Daí o significado de “Ordem e Progresso.”

 [G4]Influência do ideal Iluminista predominante na época. Esta ideologia se caracteriza pela valorização da ciência, o que resultou em grandes avanços, tais como a Revolução Industrial, mas em contrapartida colocou o homem e suas características (sentimentos, paixões, dons) em segundo plano. Tal desprezo vai causar uma revolução na filosofia tempos depois como o surgimento de linhas filosóficas como o Romantismo, o Intuicionismo, etc., que valorizam o ser humano e sua peculiaridades.

 [G5]Após descobrir a ordem natural das coisas, o homem pode alterá-la, modificando o futuro. Repito aqui o termo: “Ordem e Progresso.”

 [G6]Análise retroativa.

 [G7]Reconhecimento e valorização do trabalho de outros intelectuais. O conhecimento é um processo acumulativo.

 [G8]O social caminha de forma independente. Não pode ser determinado por outras influências.

 [G9]Está além do homem. É determinado por uma força inatingível.

 [G10]Procura atribuir princípios humanos à natureza e não compreendê-la como realmente ela é.

 [G11]Os fenômenos se encontram determinados previamente na forma de leis da natureza. O papel do ser humano é apenas compreendê-lo e utilizar essa compreensão para transforma seu futuro.

 [G12]Este trecho reforça o comentário (G10) acima..

 [G13]O conceito positivista substitui o conceito teológico.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Iman Maleki - Obras deste magnífico pintor iraniano

Olá, pessoal.

Desta vez venho mostrar as obras de um magnífico pintor, porém ainda desconhecido de muitos de vocês. Se chama Iman Maleki. É iraniano de Teerã e é considerado o mestre do realismo. Ganhou vários prêmios internacionais e foi formado pela universidade de Teerã.

A primeira tela, denominada As Irmãs e o Livro é o meu próximo objetivo de pintura. Estarei iniciando-a em breve e espero poder terminá-la nas férias.

Apreciem.

(As Irmãs e o Livro - Iman Maleki)


(Memória daquela casa)


(não sei o nome desta tela... desculpem-me)


(a Tar Player - Um jogador de alcatrão)

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

MAIS POESIA - Nâzim Hikmet

Apresento-lhes, abaixo, alguns trechos de Nâzim Hikmet, um poeta turco muito talentoso.
Apreciem!

Abraços
Prof. Geferson



O mais belo dos mares,
é aquele que ainda não vimos.
A mais linda criança,
ainda não nasceu.
Os nossos dias mais formosos,
ainda não os vivemos.
E o melhor de tudo
que tenho para te dizer,
ainda não te disse:
amo-te... hoje... e sempre...





Obrigado ...
Obrigado 
cada um dos meus dias é um cheiro Limpeza e perfumado, como o melão. 
Obrigado 
todas as frutas são oferecidas para a minha mão como se eu fosse o sol. 
Graças a você apenas o gosto do mel da esperança. 
Graças a você Meu coração bate. 
Obrigado 
minhas noites solitárias são como um Anatolian kilim sorrindo 
da parede. 
Graças a vocês no final do meu jeito, sem ir para minha cidade, 
Pousei em um jardim de rosas (...)




domingo, 22 de agosto de 2010

PABLO NERUDA

Olá, pessoal.

Ando lendo Pablo Neruda, o poeta preferido do Che. Compartilharei aqui com vocês duas poesias dele. Apreciem!

Abraços
Prof. Geferson



É Proibido

É proibido chorar sem aprender,
Levantar-se um dia sem saber o que fazer
Ter medo de suas lembranças.

É proibido não rir dos problemas
Não lutar pelo que se quer,
Abandonar tudo por medo,

Não transformar sonhos em realidade.
É proibido não demonstrar amor
Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.
É proibido deixar os amigos

Não tentar compreender o que viveram juntos
Chamá-los somente quando necessita deles.
É proibido não ser você mesmo diante das pessoas,
Fingir que elas não te importam,

Ser gentil só para que se lembrem de você,
Esquecer aqueles que gostam de você.
É proibido não fazer as coisas por si mesmo,
Não crer em Deus e fazer seu destino,

Ter medo da vida e de seus compromissos,
Não viver cada dia como se fosse um último suspiro.
É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar,

Esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus caminhos se
desencontraram,
Esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.
É proibido não tentar compreender as pessoas,
Pensar que as vidas deles valem mais que a sua,

Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte.
É proibido não criar sua história,
Deixar de dar graças a Deus por sua vida,

Não ter um momento para quem necessita de você,
Não compreender que o que a vida te dá, também te tira.
É proibido não buscar a felicidade,

Não viver sua vida com uma atitude positiva,
Não pensar que podemos ser melhores,
Não sentir que sem você este mundo não seria igual.


Talvez 

Talvez não ser,
é ser sem que tu sejas,
sem que vás cortando
o meio dia com uma
flor azul,
sem que caminhes mais tarde
pela névoa e pelos tijolos,
sem essa luz que levas na mão
que, talvez, outros não verão dourada,
que talvez ninguém 
soube que crescia
como a origem vermelha da rosa,
sem que sejas, enfim,
sem que viesses brusca, incitante
conhecer a minha vida,
rajada de roseira,
trigo do vento,

E desde então, sou porque tu és
E desde então és
sou e somos...
E por amor
Serei... Serás...Seremos...