sábado, 19 de fevereiro de 2011

EGITO - Mudança ou Continuação?

Olá. pessoal.

Retirei essa reportagem de um diário marxista e achei muito interessante a reflexão. Será que o que ocorreu no Egito foi realmente uma revolução? Lembrem-se que, segundo o próprio Marx, revolução significa: Mudança Radical.

Depois de ler este artigo perguntem a si mesmos: a mudança está sendo realmente radical?

Abraço
Prof. Geferson



O Egito depois de Hosni


Já se falou que as ditaduras dos países árabes – honrosa exceção da Palestina – são na verdade de dois tipos de monarquias. Uma do tipo absolutista, onde nem sequer parlamento funciona e o rei, o sheik, o emir, o sultão, o príncipe ou qualquer outro nome que tenha o cargo manda de forma total e absoluta. As outras são monarquias “constitucionais”, por assim dizer, ou seja, apresentam-se como “repúblicas”, possuem presidentes “eleitos”, que muitas vezes se eternizam no poder, como Muammar Khadafi, da Líbia que governa o país “republicano” há “só” 42 anos ou indicam seus próprios filhos para sucedê-los.



No último e histórico dia 11 de fevereiro, às 14h no Cairo (18h no horário de Brasília), a Praça Tahrir (Libertação em árabe) virou uma festa. Havia sido anunciado, num comunicado lacônico de 50 palavras, pelo “vice” presidente, Suleiman, que Hosni Mubarak havia deixado a presidência que seria agora entregue a um “conselho supremo militar”, uma espécie de junta governativa, composta por nove generais, marechais e brigadeiros, todos – sem exceção – nomeados pelo ditador que “deixava” o poder. Ele e seus prováveis 50 bilhões de dólares depositados em contas numeradas na Suíça (que, aliás, já se dispôs a bloquear todos esses recursos).



Um novo quadro se abriria a partir daí. Num primeiro momento, a população ficou feliz, comemorou, fez festa, dançou e cantou. Fez congraçamento com soldados e oficiais do exército, que estavam acantonados na Praça desde 25 de janeiro. No entanto, num segundo momento, as lideranças, partidos e organizações de massa que conduziram a luta do povo – que a imprensa insiste em dizer que “não havia líderes” – deram-se conta que o ditador na verdade não havia caído. Apenas deixou o poder, transferiu-o para gente de sua absoluta confiança. Junta militar sob a coordenação do Marechal de Campo Tantawi, fiel serviçal do ditador (conhecido como poodle de Mubarak) e defensor dos acordos de paz com Israel e militar com os EUA. Avesso a qualquer reforma democrática. Sabe-se que ele é muito próximo do reacionário e conservador Robert Gates, chefe do Pentágono.



Uma junta que passou a governar por comunicados, numerados, como se fossem boletins de juntas médicas que relatam a agonia dos pacientes nos hospitais. Os egípcios deram-se conta de que poderia até ter caído o ditador, mas o regime dava fortes sinais de que continuaria. Pouca ou quase nenhuma alteração havia sido feita. O governo interino, provisório, de civis e de lideranças e de entidades havia caído por terra. Não se fala mais nisso.



Num dos comunicados da junta militar são concedidos 10 dias de prazo para uma comissão de notáveis juristas, de oito membros (sendo um cristão coopta), para emendar a velha e carcomida constituição de forma a ser referendada em 60 dias e novas eleições seriam convocadas a partir disso. Não se fala em constituinte. Nenhum preso político – os milhares antigos e as centenas de novas prisões dos 18 dias de lutas – foram libertados. Nada de anistia. Estado de emergência – que permite prisões sem mandato por tempo indeterminado – continua sem ter sido modificado. Partidos políticos banidos seguem sendo proibidos, em especial os socialistas, comunistas e a Irmandade Muçulmana, pintada como o pior dos males a ser evitado.

Por: Por Lejeune Mirhan

Nenhum comentário:

Postar um comentário